quarta-feira, 30 de novembro de 2011

PIOS



Luiz Martins da Silva



Em algum canto

Algum canto

Canta e encanta

E até sara e cura.


São assim manhas

Penas, leves chumaços,

Fortes, pios, sanhas...

Nos cios, assanham asas.


Há cantos plangentes

Para os cantos da alma.

Mas, calmos, acalmam,

Pois o fogo apagou.


Há cantos bem ternos,

Tesourinha afiada,

Talhados ao corte,

Afinados acordes.


A moda de sempre,

De escutar ao vento,

Os cantos que encantam

Na cidade ou no campus.

sábado, 12 de novembro de 2011

ASAS DE DEUS



Repassando email


Depois de um incêndio florestal no Parque Nacional de Yellowstone, guardas florestais começaram a sua caminhada até uma montanha para avaliar os danos do inferno e Umranger encontrou um pássaro literalmente petrificado em cinzas,empoleirado statuesquely no chão na base de uma árvore. Um pouco enojado com a visão misteriosa, ele derrubou o pássaro com uma vara. Quando ele bateu nela delicadamente, três filhotes minúsculos correram sob as asas de sua mãe morta. A mãe amorosa,em plena consciência do desastre iminente, tinha levado seus filhos para a base da árvore e reuniu-os debaixo das asas, instintivamente sabendo que a fumaça tóxica subiria. Ela poderia ter voado para a segurança, mas se recusou a abandonar seus bebês. Em seguida, o incêndio chegou e o calor tinha queimado seu corpo pequeno, a mãe havia permanecido firme ... porque ela tinha se disposto a morrer, assim eles viveriam sob a cobertura de suas asas
"Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas você encontrará refúgio". (Salmo 91:4)



quarta-feira, 9 de novembro de 2011

CECÍLIA MEIRELLES

                                                                                   




                                          Eu canto, porque o instante existe
                                                                                              
                                                                           e minha vida está completa
                                                                                                        
  não sou alegre, e nem sou triste
                                                                                                                       sou poeta...

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A TRANSITORIEDADE DAS COISAS- ANA PELUSO


         Estranhamente assim, ela mudava seus gostos. De manhã preferia o rosa, à noite o vinho, e de madrugada ainda era possível gostar do lilás. Do roxo. A cor da morte. Do hematoma, da cura. Aos sábados ela sorria, mas nem sempre. Todo mundo à sua volta estava decantado. Era desnecessária. Trocou a cerveja pelo uísque num piscar de olhos. Em outros, os deixou pela soda com rodela de limão, mãos limpas, óculos assíduos. Era multiface. Era uma multidão. No entanto, o seu perfume era sempre o mesmo. Imã, magneto. Uma rodela de batata doce puxando toda a acidez do mundo do meio da sua cara. E ela mentia. Dizia estar tudo bem. Era por fora mais ela do que se fosse outro alguém. Qualquer outro. Desses que têm sempre a mesma opinião, e sempre se coçam do mesmo jeito.

 Ficou feia




         depois de roubar a beleza com a data de validade vencida
        que a amiga comprou no Wal-Mart.




          Efêmero como um passeio de carrossel no parque. Como o gosto do chocolate de maça-do-amor recheada. Como aroma que passa por lembrança. Como a tua visita sempre rápida. Como a troca dos olhares medrosos e o roçar das mãos ingênuas. Como um oi, às vezes, tão indeciso quanto um adeus.  Como a vida que não deixa rastro do azul que foi o céu, visto de baixo, um dia. Como qualquer coisa do mundo quando se está amando.



Publicado na revista - Fora de mim

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

ONDE ESTÁS, CRIANÇA?




 LUIZ MARTINS DA SILVA
Para Alice, minha ex-criança


Oh! Minha saudosa criança;
Agora, que a distância
Já nos separa bem mais
Que a linha do horizonte...


Atende este apelo de pai,
Que no abalo se pergunta,
Onde estás que não te abraço,
Na franja de um iminente vendaval?


Amo e coleciono as intempéries
Que outrora nos impeliam um ao outro,
Quando ainda era teu o apelo de abrigo mútuo.


Oh! Minha criança remota,
Agora, que alçaste voo,
Eu é que em ti procuro de volta.


sexta-feira, 30 de setembro de 2011

CÉU DE BRASÍLIA-30/09/2011

Os moradores do Planalto Central estão sendo os únicos a visualizar o fenômeno do halo solar  que está ocorrendo desde às 11h desta sexta-feira (30/9). O evento natural ocorre quando os raios solares atingem os cristais de gelo nas nuvens e são refletidos. Para quem vê o fenômeno, as cores em volta do Sol parecem as de um arco-íris. Além de ser observado no DF, o halo é visto também em Goiás. ( Fonte: COrreio Braziliense)

Gentilmente enviado por Ana Faleiros

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

AO LEVANTAR-SE



Agradeça a Deus a benção da vida,  pela manhã.


Se você não tem o hábito de orar, formule pensamentos de serenidade e otimismo, por alguns momentos, antes de retomar as próprias atividades.


Levante-se com calma.


Se deve acordar alguém, use bondade e gentileza, reconhecendo que gritaria ou brincadeira de mau gosto não auxiliam em tempo algum.


Guarde para com tudo e para com todos a disposição de cooperar para o bem..


Antes de sair para a execução de suas tarefas, lembre-se de que é preciso abençoar a vida para que a vida nos abençõe.


Do Livro- Sinal Verde- Francisco Cândido Xavier.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O TEU RISO


Pablo Neruda




Tira-me o pão, se quiseres,

tira-me o ar, mas não

me tires o teu riso.



Não me tires a rosa,

a lança que desfolhas,

a água que de súbito

brota da tua alegria,

a repentina onda

de prata que em ti nasce.



A minha luta é dura e regresso

com os olhos cansados

às vezes por ver

que a terra não muda,

mas ao entrar teu riso

sobe ao céu a procurar-me

e abre-me todas

as portas da vida.



Meu amor, nos momentos

mais escuros solta

o teu riso e se de súbito

vires que o meu sangue mancha

as pedras da rua,

ri, porque o teu riso

será para as minhas mãos

como uma espada fresca.



À beira do mar, no outono,

teu riso deve erguer

sua cascata de espuma,

e na primavera, amor,

quero teu riso como

a flor que esperava,

a flor azul, a rosa

da minha pátria sonora.



Ri-te da noite,

do dia, da lua,

ri-te das ruas

tortas da ilha,

ri-te deste grosseiro

rapaz que te ama,

mas quando abro

os olhos e os fecho,

quando meus passos vão,

quando voltam meus passos,

nega-me o pão, o ar,

a luz, a primavera,

mas nunca o teu riso,

porque então morreria.

Gentilmente enviado por Osmar Oliveira Aguiar

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

ANA PELUSO


Ana Peluso, São Paulo, escritora, poeta, ilustradora, participou de algumas antologias, e não sabe quando lançará livro.


UM MINICONTO DE ANA PELUSO


Eu bebo sempre que eu posso. Tequila, rum, champanhe, vinho tinto, doce, seco, água, chá, charuto diluído em álcool. Eu bebo sempre que eu posso só pra ter coragem de encarar o mar à noite. Por ser noite. Porque o mar é sem sentidos. Porque eu não sei o que é um mar sem sentidos, sem anestesia. E um cais pode me lançar. Até que você me esqueça. Até você me esquecer, eu bebo em um mar sem sentidos sempre, que eu posso. Eu bebo pra fugir de você. E se eu coloco os pés na água, e ela é feita de você, indomável, é como o seu olhar naquele dia. No fundo do fundo, naquele dia. Em uma outra dimensão, eu não existia. Tudo tão surrado, tão, como era mesmo? Esquece, esquece, bebe. Eu também aprendi a desamar.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

UM QUINTAL

  

 Danuza Leão




Quando uma pessoa começa a melhorar de vida, pensa logo em comprar uma boa casa.

E o que é uma boa casa?

É preciso um jardim e uma piscina, imaginam os pais.

Eles querem para as crianças uma infância saudável, com confortos que
nunca tiveram, mas não pensam no principal: um quintal.

Um quintal não precisa ser grande, e o chão deve ser de terra batida.

Nele deve haver algumas árvores que não pareçam ter sido plantadas,
mas sempre existido.

Um abacateiro e uma goiabeira, de goiaba vermelha, são fundamentais.

No fundo, um galinheiro tosco, com uma porta quebrada, para que as
três ou quatro galinhas possam correr quando alguém quiser pegá-las.

Nenhum computador levará uma criança ao deslumbramento que ela terá ao
encontrar um ovo e segurá-lo, ainda quentinho.

É o mistério da vida nas mãos dela, mais absoluto e mais simples do
que qualquer livro de filosofia.

Um dia, a cozinheira avisa que vai matar uma galinha para o molho pardo.

Os meninos pedem para ver a cena trágica; a mãe não quer, mas a
empregada, acostumada, com o facão na mão, facilita.

Se a galinha tiver dentro da barriga aquele monte de ovinhos, aí a
lição de morte - e de vida - será ainda mais completa.

E mais lições serão aprendidas quando alguém sugerir fazer uma peteca
com as penas mais duras e algumas palhas de milho.

Mas será que alguém sabe do que estou falando?

Voltando: esse quintal deve ser meio abandonado, mas muito limpo; duas
vezes por dia a empregada, cantando bem alto, dá uma varrida. É
importante também que haja um tanque para lavar o pé de alguma criança
quando ela pisar descalça numa porcaria, e um varal com pregadores de
roupa de madeira.

Nesse lugar, não vai ter horta nem pomar organizado.

Em compensação, é bom que exista do outro lado do muro uma enorme
mangueira para que se possa praticar o melhor crime do mundo: roubar
as frutas do vizinho.

Nos fundos de um quintal, deve haver também uma touceira de bananeiras
ou bambus e, claro, um adulto dizendo sempre para tomar cuidado, pois
ali pode ter uma cobra.

Não há infância que se preze sem medo de cobra.

Quando as goiabas começam a crescer, fica todo mundo de olho até a
primeira delas estar no ponto para ser arrancada e mordida ali mesmo,
sem lavar.

E que sensação terrível quando se vê o bicho da goiaba se mexendo.

Aí, sem que ninguém precise dizer nada, você começa a aprender que a
vida é assim: ou se compra uma goiaba bonita, mas sem gosto, ou se
espera com paciência ela amadurecer no pé até desfrutar o supremo
prazer de dar aquela dentada - com direito a bicho e tudo.

Mas o tempo voa.

De repente você se sente só, abre o caderno de telefones e percebe sua
pouca afinidade com os nomes que estão lá, que tem vivido uma vida que
não tem nada a ver e começa a procurar um sentido para as coisas.

Não encontra resposta, claro, mas um dia está no trânsito, vê um
terreno baldio, se lembra daquele quintal no qual não pensa há anos e
percebe que essa é a lembrança mais importante e mais feliz de sua
vida.

E passa a olhar o mundo com a superioridade de quem tem um tesouro
guardado dentro do peito, mas ninguém sabe.



Gentilmente enviado por keila Abreu

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

(sopro ao ouvido)



Nem tão nus viemos ao mundo
mas protegidos com a maior das armaduras
para o corpo e o espírito: a doçura.

terça-feira, 5 de julho de 2011

UM GESTO DE AMOR



DICAS PARA QUEM GOSTA DE AJUDAR (BRASÍLIA-DF)

Muitas vezes queremos ajudar, mas não sabemos como. Outras vezes
guardamos ou jogamos fora objetos que não usamos, por não saber para
quem doá-los. A resposta está aqui:



1. Aquele computador que você não usa mais:

CDI - Centro de Democratização da Informática. http://www.cdi.org.br/

É uma ONG que trabalha com a população carente do DF e Entorno e que

necessita de doações de equipamentos para continuarem o trabalho.

Marco Ianniruberto - Secretário Executivo do CDI-DF

diretoria@cdi-df.org.brAldiza - aldiza@esquel.org.br (61) 3322-7233



2. Doando bicicletas usadas:

Rodas da Paz http://www.rodasdapaz.org.br/ Recebe doação de bicicletas

novas, usadas, com defeitos ou quebradas. Consertam/reformam e doam

para creches de crianças carentes. As que não tiverem conserto, eles

aproveitam para fazer triciclo para deficientes físicos.

thebruce@terra.com.br // www.osteixeiras.com.br Maurício 8408.8498

Andréia 9986.2911 / 3447.4551



3. Ajudar pessoas com câncer:

Movimento de apoio ao paciente com câncer. É uma entidade sem fins

lucrativos com o objetivo de atender, em suas necessidades materiais e

afetivas, os pacientes carentes em tratamento na Unidade de

Radioterapia e Quimioterapia internados no Hospital de Base de

Brasília. Ingressando como voluntário, sua presença é muito

importante; fazendo doações de cestas básicas, brinquedos, roupas e

calçados, novos ou usados. Presidente: Maria José - 8442.9091 //

Lílian - 9219.3998



4. Devolvendo a boa visão a pessoas que não podem comprar óculos:

Voriques Óptica http://voriquesoptica.com.br/index.php Recebe óculos

com defeitos ou quebrados. Consertam e doam para idosos e crianças

carentes. Centro Médico de Brasília - SHLS 716 Bloco F loja 16/43

Voriques 3346.6100 Marina/Walace 3346.9692 (marketing)

marketing@voriques.com.br // assessoria@voriques.com.br Pátio Brasil

Shopping - Térreo Loja 104W 3225.8586 / 3223.3496 Centro Comercial

Gilberto Salomão - Lago Sul 3248.6952 / 3364.3616



5. Doando eletrodomésticos usados:

Recebe eletrodomésticos usados e com pequenos defeitos, restauram e

repassam. 100 Dimensão

http://www.casosdesucesso.sebrae.com.br/CasoSucesso/casosucesso_item.aspx?Codigo=3

Sônia, Ângela 8442.3275 angel01@hotmail.com Melhorar a qualidade de

vida de centenas de família: QN 16 conj. 5 lote 2 Riacho Fundo II (na

entrada)



6. Doando roupas, alimentos, brinquedos e outras coisas que não têm

mais utilidade para você:

Recebe roupas, alimentos, brinquedos etc. Ajuda a cuidar de dezenas de

crianças abandonadas. Aldeias SOS ? 913 Norte //

www.aldeiasinfantis.org.br



7. Fornecendo remédios para quem não pode comprar:

Recebe doação de remédios. Quem forneceu os contatos foi a Dra. Neide

(HRAN) 3325.4249 neide@linkexpress.com.br



8. Doando quimonos de judô usados:

Tranquillini. Ele dá aulas de judô para crianças carentes de 7 a 17

anos e recebe quimonos usados. Tel: 3224.7728 e-mail:

tranquillini@abordo.com.br



9. Doando potes de vidro e leite materno:

Seus potes de vidro usados podem ajudar a salvar vidas de muitos bebês

(e seu leite também). Campanha de vidros para armazenar leite humano.

Berçário do Hospital Santa Helena. Acima de 30 vidros, eles buscam em

casa. Tel : 3215.0029 Vidros de maionese, nescafé ou qualquer outro

com tampa de plástico.



10. Doando livros (qualquer tipo de literatura):

Açougue Cultural T-bone - Parada Cultural é um projeto de biblioteca

popular desenvolvido em 36 pontos de ônibus da Avenida W3 Norte, 24h

por dia. Diariamente são emprestados cerca de 2.000 livros. Para fazer

doações de livros basta deixá-los no Açougue T-Bone, das 8h às 19h.

http://www.t-bone.org.br/ Endereço: SCLN 312 Bl B Lj 27 Brasília-DF

CEP 70.765-520 Tel: +55 (61) 3274.1665 Aceitamos qualquer tipo de

acervo, desde que esteja em bom estado de conservação.



11. Doando/vendendo livros e cd´s

Os livros que você não quer mais não devem ir para o lixo. Leve no

COPE Espaço Cultural. Esta loja compra, vende e troca livros e cd's

usados. Recebem livros abaixo da 5ª série e doam para escolas

públicas. 3274.1017 CLN 409 Bl D lj 19/43 Asa Norte 3201.1017 SIA/Sul

Conj. B lojas 418/420 Feira dos Importados



12. Ajudando os animais:

Adoção de animais abandonados e doação de remédios e alimentos.

ProAnima - Associação Protetora dos Animais do Distrito Federal.

Entidade sem fins lucrativos SCLN 116 - Bloco I - Loja 31 - Subsolo

Ed. Cedro - Brasília – DF - CEP 70553-790 Tel: (61)3032-3583 e-mail:

proanima@proanima.org.br



13. Ajudando ao próximo

Se você é jovem e quer se juntar a outros jovens que estão fazendo

algo pelo próximo, entre em contato com a ONG Sonhar Acordado. Mateus

- 9963.9639 3468.3769 mateus@sonharacordado.com.br //

http://www.sonharbrasilia.com.br/blog/ Voluntariado - passe um dia com

uma criança carente. Doação de roupas, calçados, alimentos, materiais

de construção.



14. Doando Sangue

Hospital de Base. Endereço: SMHS, Quadra 101, Área Especial. 3325-4050

1 - Fundação Hospitalar/GDF, próximo ao HRAN - Setor Médico Hospitalar

Norte, Quadra 03, Conjunto A, Bloco 03. O atendimento é feito de

segunda a sexta-feira, das 7h às 18h e aos sábados, das 7h às 12h.

Outras informações pelos telefones 160 e 3327.4424/4410 ou no site

www.fhb.df.gov.br 2 - Fundação Hemocentro de Brasília. Endereço: SMHN

Quadra 03 - Conjunto A, Asa Norte. Telefone: 3327.4462/64 E-mail:

pr@fhb.df.gov.br



15. Doando Órgãos:

Disque Saúde-Transplante: 0800.611997

http://dtr2001.saude.gov.br/transplantes/hotsite/ //

http://www.abto.org.br/populacao/populacao.asp Central de Captação de

Órgãos - SMHS-Hospital de Base do DF, mezanino, sala 102 (61) 3325.

Gentilmente enviado por J. B. Arruda

segunda-feira, 13 de junho de 2011

UMA VELHA AGENDA



Luiz Martins da Silva



Qual sacrário resgatado

De uma arqueologia profunda,

Rostos cobertos de algas

Um a um vou acordando.


Titanic de gaveta,

Quando se busca um acaso,

De repente, quase um susto,

Achar um tesouro esquecido.


Incrível, quantos despojos,

Guarda consigo o escuro.

Em parte, talvez aproveite,

Outros, irrecuperáveis dígitos.


Abecedário de eras,

Dunas da hipotermia,

Do meio de tanto lodo,

Algo de mim vem à tona.

 
Lembro, como há bem pouco:

“Anota meu telefone..."

Que faço, agora, com ele

Vestido de escafandro?

sexta-feira, 3 de junho de 2011

METADE PÁSSARO




Murilo Mendes



A mulher do fim do mundo

Dá de comer às roseiras,

Dá de beber às estátuas,

Dá de sonhar aos poetas.

A mulher do fim do mundo

Chama a luz com um assobio,

Faz a virgem virar pedra,

Cura a tempestade,

Desvia o curso dos sonhos,

Escreve cartas ao rio,

Me puxa do sono eterno

Para os seus braços que cantam.

  óleo sobre tela- Steven Kenny
Gentilmente enviado por Osmar de  Oliveira Aguiar

quarta-feira, 11 de maio de 2011

DEZ COISAS A SEREM APRENDIDAS COM O JAPÃO






1 – A CALMA

Nenhuma imagem de gente se lamentando, gritando e reclamando que “havia perdido tudo”. A tristeza por si só já bastava.



2 – A DIGNIDADE

Filas disciplinadas para água e comida. Nenhuma palavra dura e nenhum gesto de desagravo.



3 – A HABILIDADE

Arquitetos fantásticos, por exemplo. Os prédios balançaram, mas não caíram.



4 – A SOLIDARIEDADE

As pessoas compravam somente o que realmente necessitavam no momento. Assim todos poderiam comprar alguma coisa.



5 – A ORDEM

Nenhum saque a lojas. Sem buzinaço e tráfego pesado nas estradas. Apenas compreensão.



6 – O SACRIFÍCIO

Cinquenta trabalhadores ficaram para bombear água do mar para os reatores da usina de Fukushima. Como poderão ser recompensados?



7 – A TERNURA


Os restaurantes cortaram pela metade seus preços. Caixas eletr�?nicos deixados sem qualquer tipo de vigilância. Os fortes cuidavam dos fracos.



8 – O TREINAMENTO

Velhos e jovens, todos sabiam o que fazer e fizeram exatamente o que lhes foi ensinado.



9 – A IMPRENSA

Mostraram enorme discrição nos boletins de notícias. Nada de reportagens sensacionalistas com repórteres imbecis. Apenas calmas reportagens dos fatos.



10 – A CONSCIÊNCIA

Quando a energia acabava em uma loja, as pessoas recolocavam as mercadorias nas prateleiras e saiam calmamente.



NENHUM ARRASTÃO, CONTRA O POVO ou


PARA ROUBAR O COMÉRCIO


Gentilmente enviado pela amiga Maria do Carmo Gomes

quarta-feira, 20 de abril de 2011

RAUL SEIXAS




PÉ DE PLANTA
Raul Seixas e Tânia M. Barreto

Você é um pé de planta

Que só dá no interior

No interior da mata

Coroção  do meu amor

Você é roubar manga

Com os moleques no quintal

É manga rosa, espada

Guardiã do matagal

Qual flor de uma estação

Botão fechado eu sou

Se amadurecendo

Pra se abrir pro meu amor

Úmida de orvalho

Que o sol não enxugou

Você é Mata Virgem

Pela qual ninguém passou

É capinzal noturno

Escuro-e-denso protetor

De um lago leve e morno

Teu Oásis, Seu amor.

terça-feira, 29 de março de 2011

Três Poemas



JORGE VICENTE- PT


talvez escrever
seja ascender um pouco mais na minha
condição de humano

digo ascender
porque não posso dizer entregar
o corpo ainda não me permite

ainda se sustém
no ritmo das sílabas
na junção de cada uma das palavras,
no encadeamento subtil
de cada respiração
que leva a outra e a outra e a todos os
caules das árvores abertas
ou por abrir

talvez ascender
demore a conjugação do corpo
com o sexo aberto das árvores

e não permita a vivência
e o sentir desmesurado de
ser-se
presente na nascência das folhas.


Fonte: A alma do Jorge
e Revista Triplov

sábado, 5 de março de 2011

FORMAS DEVOLUTAS

        Luiz Martins da Silva

Para Lelê, Tininha, Rose, Helival, João... Josés... Marias... Marusquinhas...

Perdi da noção a forma,
Tal a fórmula da existência
Que nos habita na terra,
Água, sangue, osso, esterco...

Mas da forma já me perco,
Pronúncia da forma o fim.
Serei puro, ar, imanência,
Já assovia o vento em mim.

Terei saudades da ‘fôrma’,
Esta que nos estrutura
E até nos encarcera:
Na ilusão, literatura.

Formar da rosa o jardim;
Plantar e pendoar o milho,
Dar feijão e feição aos filhos;
A Deus devolver seus querubins.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

RITO DE PASSAGEM- LENDA DO ÍNDIO CHEROKEE



O pai leva o filho para a floresta durante o final da tarde, venda-lhe os olhos

e deixa-o sozinho.

O filho se senta sozinho no topo de um montanha toda a noite e

não pode remover a venda até os raios do

sol brilharem no dia seguinte.

Ele não pode gritar por socorro para ninguém..

Se ele passar a noite toda lá, será considerado um homem.

Ele não pode contar a experiência aos outros meninos porque cada um

 deve tornar-se homem do seu

próprio modo, enfrentando o medo do desconhecido.

O menino está naturalmente amedrontado.

Ele pode ouvir toda espécie de barulho.

Os animais selvagens podem, naturalmente, estar ao redor dele.

Talvez alguns humanos possam feri-lo.

Os insetos e cobras podem vir pica-lo.

Ele pode estar com frio, fome e sede.

O vento sopra a grama e a terra sacode os tocos, mas ele se senta

 estoicamente, nunca removendo a venda.

Segundo os Cherokees, este é o único modo dele se tornar um homem.

Finalmente...

Após a noite horrível, o sol aparece e a venda é removida.

Ele então descobre seu pai sentado na montanha perto dele.

Ele estava a noite inteira protegendo seu filho do perigo.

(Autor desconhecido)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

RECEITAS FLORAIS







Luiz MArtins da Silva

Alecrim do campo,

De hálito tão íntimo,

Sobeja em ósculo,

Rubor jovem, oculto.



Jenipapos se arrogam

Resistências de pejo,

Mas, lânguidos, caídos,

Exasperam desejos.



Lobeiras caídas,

Guardando o repouso,

Intumescem alcovas

De lobos cansados.



Floradas silvestres,

Se levadas ao faro,

Orientam deságios

De paixões magoadas.



Espatódeas ao cimo,

De cafre altivez,

Interrogam mandingas

De anular quebrantos.



À beira dos rios,

Os chorões se derramam,

Varrendo ao contrário

O que mal nos desejam.



Cozer nó de pinho

Em lama balsâmica

Restaura resinas

De mofinos amantes.



Entregar manjerico

É fetiche junino.

Alfazemas em feixes

É dinheiro em pencas.



E se o azar ainda for

Resistente ao fervor,

É melhor se banhar

De urtiga ao luar.

domingo, 9 de janeiro de 2011

INSPIRAR




"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."


CLARICE LISPECTOR

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