sábado, 21 de janeiro de 2012

A NUVEM PRATEADA DAS PESSOAS GRAVES


 RUI COSTA

Nem sempre se deve desconfiar das pessoas

graves, aquelas que caminham com o pescoço inclinado para baixo,

os olhos delas a tocar pela primeira vez o caminho que os pés confirmarão depois.

Às vezes elas vêem o céu do outro lado do caminho
 que é o que lhes fica por baixo dos pés e por isso do outro lado do mundo.

O outro lado do mundo das pessoas graves parece portanto um sítio longe dos pés 
e mais longe ainda das mãos que também caem nos dias em que o ar pode ser mais pesado
 e os ossos se enchem de uma substância morna que não se sabe bem o que é.

Na gravidade dos pés e da cabeça, e também dos olhos, com que nos são alheias

quando as olhamos de frente rumo ao lado útil do caminho que escolhemos, essas

pessoas arrastam uma nuvem prateada que a cada passo larga uma imagem daquilo que foram ou das pessoas que amaram.

Essas imagens podem desaparecer para sempre se forem pisadas quando caem no chão. A gravidade dos pés e da cabeça, e também dos olhos, dessas pessoas, é, por isso, uma subtil forma de cuidado.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

TEMPESTADE DE AREIA





FERNANDO PASSOS

Há um excesso de vida neste vento
Todas as coisas que me vão no pensamento
Se transformam em imagens deformadas
Numa vertigem louca  a ser sopradas
Contra o débil corpo que é meu e cambaleia
Por entre a fúria dos turbilhões de areia.


Vezes sem conta caio e me levanto,
Mas o meu querer feroz
Sobrevive por força deste encanto:
O som da tua voz.

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