quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

SEMPRE

Quando o Cristo deu-nos a expressão matemática dos setenta vezes sete, trouxe-nos o exercício diário de muitas vezes fazer. Deu-nos a dedicação e a disciplina dos ouríveres ao trabalhar a joia, do químico destilando o líquido , dos jardineiros que todos os dias podam as ervas insistentes e nocivas que impedem a flor. Refazer, até que o exercício diário seja natural como o deslizar manso das águas do rio, natural como o bater das asas do pequeno pássaro .Até que se transforme na simplicidade de ser Perdão. (Sopro ao ouvido- 5/12/2012) Postado por Luísa Ataíde às 20:54 Nenhum comentário: Links para esta postagem

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

ÂMAGOS






Luiz Martins da Silva
           

Em dedicatória à comunidade Grupecj
I
Tudo tem anima,
Pessoas têm planos.
Eu, tu, nós: âmagos,
De entoar salmos.
II
De tudo o que somos,
Já o sabemos
No prazer do sabor
Do saber soando.
III
Por agora, grãos,
Logo, logo, seiva.
Do que o vento folheia
Para além do pólen.
IV
Deus não tem dor,
Muito menos fim.
E se Os somos filhos,
Tons dos mesmo Dom.
V
Daí, o amor, dádiva
Dos dedos às mãos.
Abraçar sem cisma
A si próprio irmãos.
Responder
Encaminhar
 
 

domingo, 23 de setembro de 2012

O Espírito de Verdade






O Espírito do Senhor, que são as virtudes dos céus, qual imenso exército que se movimenta ao receber as ordens do seu comando, espalham-se por toda a superfície da Terra, e, semelhantes a estrelas cadentes, vêm iluminar as caminhos e abrir os olhos aos cegos.
                                                             
                                                    O Evangelho segundo o Espiritismo

sexta-feira, 6 de julho de 2012

A VELHA RABUGENTA



Texto encontrado em pertences de uma idosa que não tinha posses materiais



Que vêem amigas?
Que vêem ?

Que pensam quando me olham?

Uma velha rabugenta
não muito inteligente de
hábitos incertos,
com seus olhos sonhadores

fixos ao longe?

A velha que não responde
ao tentar ser
convencida...
De, fazerum pequeno esforço?"

A velha, que vocês acreditam que não se dá conta

das coisas que vocês fazem
e que continuamenteperde a sua escova ou o sapato ?

A velha,
que contra sua vontade, mas humilde-
mente lhes permite
a fazer o que queiram,
que
me banhem e me alimentem
só para o dia passar
mais depressa....
É isso que vocês acham? É isso que vocês vêem?

Se assim for,
abram os olhos, amigas, porqueisso que vocês vêem não sou eu!

Vou lhes dizer quem sou,
quando estou sentada
aqui, tão tranquila
como me ordenaram...


Sou uma menina de 10 anos, que tem pai e mãe,

irmãos e irmãs que se amam.


Sou uma jovenzinha de 16 anos.
Com asas nos pés, e que sonha encontrar
seu amado.


Sou uma noiva aos 20,

Que o coração salta nas lembranças,

Quando fiz a promessa

Que me uniu até o fim de meus dias
com o AMOR de minha vida.

Sou ainda uma moça com 25 anos,
Que tem seus filhos,
Que precisam que eu os guie...

Tenho um lugar seguro e feliz !


Sou a mulher com 30 anos.

Onde os filhos crescem rápido,

E estamos unidos com laços
que deveriam durar para sempre...


Quando tenho 40 anos
Meus filhos já cresceram
E não estão em casa...

Mas ao meu lado está meu marido

Que me acalente
quando estou triste.

Aos cinquenta, mais uma vez
comigo
deixam os bebês, meus netos,
e de novo tenho
a alegria das crianças,
meus entes queridos junto a mim


Aos 60 anos,
sobre mim nuvens escuras aparecem,
e quando olho meu futuro
me arrepio
toda de terror.

Os meus filhos se foram,
e agora têmos
seus próprios filhos...

Então penso
em tudo o que aconteceu e
no amor que conheci.


Agora sou uma velha.
Que cruel é a natureza....
A velhice é uma piada

Que transforma um ser humano
Em um alienado.
O corpo murcha

Os atrativos e a força desaparecem
Ali,
onde uma vez teve um coração

Agora há uma pedra.


No entanto,
nestas ruínas,
a menina de 16 anos
ainda está viva. E o meu coração cansado,ainda está repleto de sentimentosVivos
e conhecidos


Recordo os dias felizes e tristes

Em meus pensamentos volto a amar
e a viver o meu passado.

Penso em todos esses anos
Que foram,
ao mesmo tempo poucos
Mas que passaram muito rápido,
E aceito o inevitável..

Que nada pode durar para sempre...

por isso, abram seus olhos
e vejam
Diante de vocês não está uma
velha mal-humorada

Diante de vocês estou apenas “EU...”

Uma menina, mulher e senhora
Viva...!!
E com todos os sentimentos de uma vida...

quarta-feira, 6 de junho de 2012

CORA CORALINA


”Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo prá você: não pense. Nunca diga estou envelhecendo ou estou ficando velha.Eu não digo. Eu não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida.O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia. Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada.Nada de palavra negativa.Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio! Sei que tenho muitos anos.Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não.Você acha que eu sou? Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes. O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço com fé. Faço o que devo fazer, com amor.Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende."
 CORA CORALINA

Gentilmente enviado por Alaides Silva




sexta-feira, 4 de maio de 2012

METADE DE UM CORAÇÃO




 Autor Desconhecido


Era um dia muito especial no céu. Jesus estava olhando seus escolhidos para virem viver na terra...seriam os próximos a nascer...Um dos anjos diz docemente a Jesus: “Eu não quero ir para terra, Senhor é tão bom viver aqui ao seu lado, no céu...vou sentir saudades.” Jesus tranquiliza o pequeno anjo dizendo que tudo ficará bem, que Ele cuidará do seu pequeno anjo sempre, com todo amor.

Como o pequeno anjo ainda não estivesse convencido que isso era uma boa ideia, Jesus diz: “Então deixe aqui comigo a metade do seu coração e leve a outra metade com você. Você vai ficar bem!” O anjo sorri. Jesus diz:”Aproveite seu tempo com sua família, brinque e ria todos os dias. E quando for o seu tempo de voltar para o céu, vou fazer novamente inteiro o seu coração!” Lembre-se sempre que você não está quebrado, nem com um defeito, apenas dividido entre dois amores.” O anjo novamente sorri e diz:”Eu acho que vai funcionar”. Mas no seu íntimo o anjo ainda está um pouco assustado, e pergunta:”Tem certeza que ficarei bem com apenas metade do meu coração? Jesus responde: “É claro que sim, pois eu tenho muitos outros anjos que enviarei à Terra que irão cuidar especialmente de você, e te ajudarão a ficar bem e a ser feliz! Então Jesus dá ao anjo mais detalhes sobre o seu plano: “Quando você nascer, sua mãe vai ter medo, por isso você tem que ser forte, para ajudá-la a superar todos os seus medos, e quando você se sentir fraco lembre-se sempre:

GUARDO COMIGO A OUTRA METADE DO SEU CORAÇÃO!”

Davi de Souza *17/03/2011 + 03/04/2012

UMA INFORMAÇÃO POR FAVOR



Autor desconhecido
Quando eu era criança, bem novinho, meu pai comprou o primeiro telefone da nossa vizinhança. Eu ainda me lembro daquele aparelho preto e brilhante que ficava na Cômoda da sala. Eu era muito pequeno para alcançar o telefone, mas ficava ouvindo fascinado enquanto minha mãe falava com alguém.

Então, um dia eu descobri que dentro daquele objeto maravilhoso morava uma pessoa legal. O nome dela era "Uma informação, por favor" e não havia nada que ela não soubesse. "Uma informação, por favor" poderia fornecer qualquer número de telefone e até a hora certa.


Minha primeira experiência pessoal veio num dia em que minha mãe estava fora, na casa de um vizinho. Eu estava na garagem mexendo na caixa de ferramentas quando bati em meu dedo com um martelo. A dor era terrível, mas não havia motivo para chorar, uma vez que não tinha ninguém em casa para me oferecer a sua simpatia.


Eu andava pela casa, chupando o dedo dolorido ate que pensei: O telefone!´Rapidamente fui ate o porão, peguei uma pequena escada que coloquei em frente a cômoda da sala. Subi na escada, tirei o fone do gancho e segurei contra o ouvido. Alguém atendeu e eu disse: "Uma informação, por favor". Ouvi uns dois ou três cliques e uma voz suave e nítida falou em meu ouvido: "Informações".


"Eu machuquei meu dedo...", disse, e as lágrimas vieram facilmente, agora que eu tinha audiência.


"A sua mãe não está em casa?", ela perguntou.


"Não tem ninguém aqui...", eu soluçava. "Está sangrando?"


"Não", respondi. "Eu machuquei o dedo com o martelo, mas tá doendo..."


"Você consegue abrir o congelador?", ela perguntou. Eu respondi que sim.


"Então pegue um cubo de gelo e passe no seu dedo", disse a voz. Depois daquele dia, eu ligava para "Uma informação, por favor" por qualquer motivo.


Ela me ajudou com as minhas dúvidas de geografia e me ensinou onde ficava a Philadelphia. Ela me ajudou com os exercícios de matemática. Ela me ensinou que o pequeno esquilo que eu trouxe do bosque deveria comer nozes e frutinhas.


Então, um dia, Petey, meu canário, morreu. Eu liguei para "Uma informação, por favor" e contei o ocorrido. Ela escutou e começou a falar aquelas coisas que se dizem para uma criança que está crescendo.


Mas eu estava inconsolável. Eu perguntava:


"Por que é que os passarinhos cantam tão lindamente e trazem tanta alegria pra gente para, no fim, acabar como um monte de penas no fundo de uma gaiola?"


Ela deve ter compreendido a minha preocupação, porque acrescentou mansamente: "Paul, num futuro bem próximo não haverá mais dor, tristeza, lágrimas, rancor, nem a morte..." De alguma maneira, depois disso eu me senti melhor.


No outro dia, lá estava eu de novo. "Informações.", disse a voz já tão familiar. "Você sabe como se escreve 'exceção'?"
Tudo isso aconteceu na minha cidade natal ao norte do Pacífico.


Quando eu tinha 9 anos, nos nos mudamos para Boston. Eu sentia muita falta da minha amiga. "Uma informação, por favor" pertencia aquele velho aparelho telefônico preto e eu não sentia nenhuma atração pelo nosso novo aparelho telefônico branquinho que ficava na nova cômoda na nova sala.


Conforme eu crescia, as lembranças daquelas conversas infantis nunca saiam da minha memória. Freqüentemente, em momentos de dúvida ou perplexidade, eu tentava recuperar o sentimento calmo de segurança que eu tinha naquele tempo.


Hoje eu entendo como ela era paciente, compreensiva e gentilao perder tempo atendendo as ligações de um molequinho.


Alguns anos depois, quando estava indo para a faculdade, meu avião teve uma escala em Seattle. Eu teria mais ou menos meia hora entre os dois vôos.


Falei ao telefone com minha irmã, que morava lá, por 15 minutos. Então, sem nem mesmo sentir que estava fazendo isso, disquei o numero da operadora daquela minha cidade natal e pedi: "Uma informação, por favor."


Como num milagre, eu ouvi a mesma voz doce e clara que conhecia tão bem, dizendo: "Informações."


Eu não tinha planejado isso, mas me peguei perguntando: "Você sabe como se escreve exceção'?" Houve uma longa pausa. Então, veio uma resposta suave: "Eu acho que o seu dedo já melhorou, Paul."


Eu ri. "Então, é você mesma!", eu disse. "Você não imagina como era importante para mim naquele tempo."


"Eu imagino", ela disse. "E você não sabe o quanto significavam para mim aquelas ligações. Eu não tenho filhos e ficava esperando todos os dias que você ligasse."


Eu contei para ela o quanto pensei nela todos esses anos e perguntei se poderia visitá-la quando fosse encontrar a minha irmã.


"É claro!", ela respondeu. "Venha até aqui e chame a Sally."


Três meses depois eu fui a Seattle visitar minha irmã. Quando liguei, uma voz diferente respondeu : "Informações." Eu pedi para chamar a Sally.


"Você é amigo dela?", a voz perguntou.


"Sou, um velho amigo. O meu nome é Paul."


"Eu sinto muito, mas a Sally estava trabalhando aqui apenas meio período porque estava doente. Infelizmente, ela morreu há cinco semanas." Antes que eu pudesse desligar, a voz perguntou:


"Espere um pouco. Você disse que o seu nome eh Paul?
"Sim."


"A Sally deixou uma mensagem para você. Ela escreveu e pediu para eu guardar caso você ligasse. Eu vou ler pra você."


A mensagem dizia: "Paul, num futuro bem próximo não haverá mais dor, tristeza, lágrimas, rancor, nem a morte..
Ele vai entender",
Eu agradeci e desliguei. Eu entendi...


Gentilmente enviado por Alaídes Silva

domingo, 29 de abril de 2012

PAISAGEM DE RIO- CONTO






 Quando aproximava-se a estação de chuvas, as mulheres mantinham por   toda  noite o lampião aceso sobre a mesa e os ouvidos alerta  aos ruídos   externos. Das casas que costeavam as margens a maioria não resistia além   dos primeiros ventos.  Mulheres  e crianças barreiravam-se em pequenos   grupos.
    
Constância abriu a porta  da  cozinha e os recebeu. Os meninos tinham os   olhos atentos e lama nos pés. Os cabelos ralos cheiravam à fumaça e   ainda que aquela fosse a única casa de tijolo por perto, vigiavam.    
    
Abandonavam a casa ao primeiro sinal do dia, deixavam limpos os copos e   farelos de pães sobre a mesa. O cheiro doce de chá sustentava os quatros   marcos da casa. As mulheres murmuravam as orações matinais pela   sobrevivência. Saíam sem pressa, recebendo na porta um dia longo e úmido.   As noites seguiam-se iguais como os pingos que deslizavam a soleira da   casa. As famílias abrigavam-se, também, durante o dia. As mulheres   faziam pães e os arrumavam no forno lado a lado.
    
Os meninos passavam a maior parte do tempo espreitando pelas falhas da   madeira da janela, olhavam o rio. O rio era ruidoso e escuro e não lhes   pertencia mais. 
    
Se até para Noé quietou-se um dia o dilúvio, por que não para as   famílias que habitavam as margens do Rio Verde? Os meninos desceram as   escadas sem pressa , espalhando-se em bandos. 
    
Foram-se.
    
Constância lavou a casa e todas as roupas que nela existia. As aves   retornavam às árvores em respeitoso  silêncio  à fala do rio. Esticou   sobre a mesa a tela feita de resina e fibra. A moça olhou da janela:   sobre as águas descia um chinelo de criança. Desceu os dedos no pouco   trigo que restava na lata e o espalhou sobre a tela branca. Recolheu da   gaveta os pincéis  e tocou com os dedos  a tinta  sobre o pires . Constância acreditou no que dizia o ruído de fora.  O rio aos poucos   não dava mais medo. O tigre, agora mergulhado em  gato manso, se   preparava para dormir em cinzas. O tigre mergulhou de vez em águas.

Luísa Ataíde

sexta-feira, 2 de março de 2012

reflexão





O que nos faz forte
não é a espada
o corte, o sangue derramado.


O que nos faz forte
é o abraço, o riso, o perdão
a prece , a mão desarmada
a esperança reconstruída.

( sopro ao ouvido)

domingo, 26 de fevereiro de 2012

sábado, 11 de fevereiro de 2012

PARAMAHANSA YOGANANDA ( 0 iogue de Cristo)


 “Assim como você não pode transmitir uma mensagem através de um microfone danificado, também não poderá enviar preces ao Pai Celestial através de um microfone mental que esteja desarmonizado pela inquietação. É através da profunda tranqüilidade que você pode consertar seu microfone mental, aumentando a receptividade de sua intuição. Aí então você será capaz de efetivamente irradiar para Ele e receber as Suas respostas

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

DE REPENTE 60 (OU 2X30)




REGINA DE CASTRO POMPEU

Ao completar sessenta anos, lembrei do filme “De repente 30” , em que a adolescente, em seu aniversário, ansiosa por chegar logo à idade adulta, formula um desejo e se vê repentinamente com trinta anos, sem saber o que aconteceu nesse intervalo.
Meu sentimento é semelhante ao dela: perplexidade.
Pergunto a mim mesma: onde foram parar todos esses anos?
Ainda sou aquela menina assustada que entrou pela primeira vez na escola, aquela filha desesperada pela perda precoce da mãe; ainda sou aquela professorinha ingênua que enfrentou sua primeira turma, aquela virgem sonhadora que entrou na igreja, vestida de branco, para um casamento que durou tão pouco!Ainda sou aquela mãe aflita com a primeira febre do filho que hoje tem mais de trinta anos.
Acho que é por isso que engordei, para caber tanta gente, é preciso espaço!
Passei batido pela tal crise dos trinta, pois estava ocupada demais lutando pela sobrevivência.
Os quarenta foram festejados com um baile, enquanto eu ansiava pela aposentadoria na carreira do magistério, que aconteceu quatro anos depois.
Os cinquenta me encontraram construindo uma nova vida, numa nova cidade, num novo posto de trabalho.
Agora, aos sessenta, me pergunto onde está a velhinha que eu esperava ser nesta idade e onde se escondeu a jovem que me olhava do espelho todas as manhãs.
Tive o privilégio de viver uma época de profundas e rápidas transformações em todas as áreas: de Elvis Presley e Sinatra a Michael Jackson, de Beatles e Rolling Stones a Madonna, de Chico e Caetano a Cazuza e Ana Carolina; dos anos de chumbo da ditadura militar às passeatas pelas diretas e empeachment do presidente a um novo país misto de decepções e esperanças; da invenção da pílula e liberação sexual ao bebê de proveta e o pesadelo da AIDS. Testemunhei a conquista dos cinco títulos mundiais do futebol brasileiro (e alguns vexames históricos).
Nasci no ano em que a televisão chegou ao Brasil, mas minha família só conseguiu comprar um aparelho usado dez anos depois e, por meio de suas transmissões,vi a chegada do homem à lua, a queda do muro de Berlim e algumas guerras modernas.
Passei por três reformas ortográficas e tive de aprender a nova linguagem do computador e da internet. Aprendi tanto que foi por meio desta que conheci, aos cinquenta e dois anos, meu companheiro, com quem tenho, desde então, compartilhado as aventuras do viver.
Não me sinto diferente do que era há alguns anos, continuo tendo sonhos, projetos, faço minhas caminhadas matinais com meu cachorro Kaká, pratico ioga, me alimento e durmo bem (apesar das constantes visitas noturnas ao banheiro), gosto de cinema, música, leio muito, viajo para os lugares que um dia sonhei conhecer.
Por dois anos não exerci qualquer atividade profissional, mas voltei a orientar trabalhos acadêmicos e a ministrar algumas disciplinas em turmas de pós-graduação, o que me fez rejuvenescer em contato com os alunos, que têm se beneficiado de minha experiência e com quem tenho aprendido muito mais que ensinado.
Só agora comecei a precisar de óculos para perto (para longe eu uso há muitos anos) e não tinjo os cabelos, pois os brancos são tão poucos que nem se percebe (privilégio que herdei de meu pai, que só começou a ficar grisalho após os setenta anos).
Há marcas do tempo, claro, e não somente rugas e os quilos a mais, mas também cicatrizes, testemunhas de algumas aprendizagens: a do apêndice me traz recordações do aniversário de nove anos passado no hospital; a da cesárea marca minha iniciação como mãe e a mais recente, do câncer de mama (felizmente curado), me lembra diariamente que a vida nos traz surpresas nem sempre agradáveis e que não tenho tempo a perder.
A capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo diminuiu, lembro de coisas que aconteceram há mais de cinquenta anos e esqueço as panelas no fogo.
Aliás, a memória (ou sua falta) merece um capítulo à parte: constantemente procuro determinada palavra ou quero lembrar o nome de alguém e começa a brincadeira de esconde-esconde. Tento fórmulas mnemônicas, recito o alfabeto mentalmente e nada! De repente, quando a conversa já mudou de rumo ou o interlocutor já se foi, eis que surge o nome ou palavra, como que zombando de mim…
Mas, do que é que eu estava falando mesmo?
Ah, sim, dos meus sessenta.
Claro que existem vantagens: pagar meia-entrada (idosos, crianças e estudantes têm essa prerrogativa, talvez porque não são considerados pessoas inteiras), atendimento prioritário em filas exclusivas, sentar sem culpa nos bancos reservados do metrô e a TPM passou a significar “Tranquilidade Pós-Menopausa”.
Certamente o saldo é positivo, com muitas dúvidas e apenas uma certeza: tenho mais passado que futuro e vivo o presente intensamente, em minha nova condição de mulher muito sex…agenária!

Gentilmente enviado por J.B. Arruda


sábado, 21 de janeiro de 2012

A NUVEM PRATEADA DAS PESSOAS GRAVES


 RUI COSTA

Nem sempre se deve desconfiar das pessoas

graves, aquelas que caminham com o pescoço inclinado para baixo,

os olhos delas a tocar pela primeira vez o caminho que os pés confirmarão depois.

Às vezes elas vêem o céu do outro lado do caminho
 que é o que lhes fica por baixo dos pés e por isso do outro lado do mundo.

O outro lado do mundo das pessoas graves parece portanto um sítio longe dos pés 
e mais longe ainda das mãos que também caem nos dias em que o ar pode ser mais pesado
 e os ossos se enchem de uma substância morna que não se sabe bem o que é.

Na gravidade dos pés e da cabeça, e também dos olhos, com que nos são alheias

quando as olhamos de frente rumo ao lado útil do caminho que escolhemos, essas

pessoas arrastam uma nuvem prateada que a cada passo larga uma imagem daquilo que foram ou das pessoas que amaram.

Essas imagens podem desaparecer para sempre se forem pisadas quando caem no chão. A gravidade dos pés e da cabeça, e também dos olhos, dessas pessoas, é, por isso, uma subtil forma de cuidado.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

TEMPESTADE DE AREIA





FERNANDO PASSOS

Há um excesso de vida neste vento
Todas as coisas que me vão no pensamento
Se transformam em imagens deformadas
Numa vertigem louca  a ser sopradas
Contra o débil corpo que é meu e cambaleia
Por entre a fúria dos turbilhões de areia.


Vezes sem conta caio e me levanto,
Mas o meu querer feroz
Sobrevive por força deste encanto:
O som da tua voz.

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